segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Ovinho


                                         " O importante é sol lá fora e luz na alma..."


Um barraco na favela.
Uma kitchenet no burburinho central,.
Um duplex na cobertura.
Um quarto alugado no fundo de um quintal.

É aconchegante? Protege da loucura real?
Então grite a plenos pulmões:
-Meu lar é um "Kinder ovo"!
com uma surpresa dentro: eu!

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Noite

Ao despir seu manto,
a noite fica triste
quando vem o pranto.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Edward Hopper, o poeta da solidão, abordou em suas obras a desolação, tristeza  capturadas através de suas personagens urbanas.
Abaixo segue uma releitura de sua obra Anonimato de 1927, cuja descrição é uma mulher jovem, só , no que se supõe ser um café, absorta em seus pensamentos...



                                            Quanto pesa a solidão?


Pesa tanto quanto um abandono, a dor de quem muito amou e teve como prêmio o esquecimento.
Uma mulher bem trajada, de aspecto requintado adentra um café, na hora em que toda a cidade dorme. Esta tem por companheira a penumbra obscura do lugar, prestes a abaixar as portas. E lá está ela tão indiferente ao mundo a sua volta.
A solidão nem sempre foi sua companheira, outrora tivera amigos e amor. ledo engano...amigos vieram com o dinheiro; o amor, este lhe foi amputado pelas convenções sociais, obrigando -na a escolher entre o Ser e o Parecer.
Agora, o que mais lhe dói é o esquecimento daquele a quem não pôde fazer entender o quão difícil foi a sua escolha...

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

A palavra estanque

A palavra estanque no dicionário
é só uma gota fora de um contexto,
sendo só gota, pode ser orvalho,
chuva a gotejar no telhado.

Mas se a gota-palavra a outras se juntar,
formam poça, virarão lago,
um lago-texto que à sede mata,
sede de palavra, de palavra água-vida.

Quando as palavras vertem intensas,
seguindo o seu percurso, é rio;
rio caudaloso, bom de se banhar.

Banhe-se nas palavras de uma bela música,
de uma trova ditada com o coração,
porém, passando-as sempre pelo crivo da razão.

Poema inspirado no poema Rio sem Discurso de João Cabral de Melo neto.

sábado, 28 de julho de 2012

O jardim de bonsais

A escolha da semente é ritual primário.
Emerjo-te em águas para conhecer-te a densidade,
se flutuas é morta; se no fundo, apropriada.

A restrição do crescimento egocêntrico,
pela tua consciência será determinado, que será o teu vaso,
esta cerceará o âmago da tua vaidade.

Com regas moderadas, criteriosas,
sem parcimônia, porém só o necessário,
fará florescer a tua beldade.

podarei os teus galhos-excessos
para o crescimento total, concentrado.
O apoio é necessário e nunca demasiado.

Quando estiveres pronta, enfeitaras o "jardim".
Eis a réplica de um anjo guerreiro de rara beleza e ornatos,
mas para tanto o jardineiro há de ter muito trabalho.

sábado, 7 de julho de 2012

Enfadada humanidade

" Se fosse tudo perfeito, há muito teria o tédio aniquilado essa humanidade bipolar"


Caminhemos sem tropeços,
alegres sem nos preocuparmos.
Um éden pleno,constante
até os dias findarem.

Ah, mas que tédio!
tudo belo! perfeito! que enfado!
Já se põem a murmurar.

Se faz sol; por que não chove?
se faz frio: que chegue logo o verão!
esse tempo há de nos matar!

Não demora o universo conspira
para tudo "consertar":
pragas, doenças e guerras,
agora tens com que te preocupar.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Pelas linhas tortas

Pelas linhas tortas que vão se desenhando,
não enrijeça, siga, mesmo oscilando.
A cada curva sinuosa, que vai piorando,
uma outra mais confusa, irá se formando.
Quando der por si, caminhante, o que era caminho,
em mar revoltoso está se tornando,
sobre estas ondas, altivo, vá surfando...
Os infortúnios vêm para todos,
a diferença é como os enfrentamos.